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Vigilância Sanitária lembra: neste ano, o “Dia Internacional de Combate e Conscientização sobre LER/DORT” é hoje, 28 de fevereiro

28/02/2014


As LER/DORT - Lesões por Esforços Repetitivos/Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho - são desordens do sistema osteomuscular que, na maioria dos casos, atinge os membros superiores e o pescoço, e são caracterizadas pela ocorrência de sintomas como dor, parestesia, sensa­ção de peso e fadiga. As condições de trabalho pelos quais trabalhadores de diversos ramos de atividades – na área rural e urbana, na indústria, comércio e serviços, entre outros – são submetidos, estão relacionados à determinação deste importante problema de saúde pública.

No período de 2009 a 2013 foram notificados, no estado de São Paulo, 14.503 casos de LER/DORT no Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN). Este é um dado subnotificado. Apesar da relação saúde-trabalho ser reconhecida desde a Antiguidade, ainda precisamos avançar para que os profissionais de saúde associem os sinais, sintomas e doenças apresentadas pelos trabalhadores, usuários das unidades de saúde,  aos fatores relacionados ao trabalho. A Lei Orgânica de Saúde (Lei nº 8.080/90) estabelece de forma clara que, dentre outros, o trabalho é um dos determinantes e condicionantes da saúde. Excluí-lo da anamnese e da avaliação clínica, no momento do diagnóstico e da proposta terapêutica, constitui equívoco que prejudica o trabalhador, tanto individualmente, pois a ele não será oferecida uma conduta “adequada” de tratamento e reabilitação, quanto coletivamente, na medida em que não se identificam as atividades, operações, tarefas, postos de trabalho danosos à saúde daqueles que exercem sua atividade laboral.

No caso específico das LER/DORT, entender o trabalho realizado e sua organização implica reconhecer características organizacionais das empresas - pautadas por intensificação do trabalho, aumento real das jornadas e prescrição rí­gida de procedimentos, impossibilitando manifestações de criativida­de e flexibilidade – que são, na maioria das vezes, incompatíveis com ca­racterísticas humanas.

A alta demanda de movimentos repetitivos, a ausência e impossibilidade de pausas espontâneas, a necessidade de per­manência em determinadas posições por tempo prolongado, a atenção para se evitar erros e a submissão ao monitoramento de cada etapa dos procedimentos, além do mobiliário, equipamentos e instrumentos que não propiciam conforto são alguns dos fatores envolvidos na determinação das LER/DORT.

Bancários e trabalhadores dos setores de comércio e serviços são as categorias profissionais mais atingidas. Entretanto, metalúrgicos, digitadores, operadores de linha de montagem, operadores de telemarketing, jornalistas, secretárias, costureiras, cozinheiros e cortadores de cana também são profissões que encabeçam as estatísticas.

No último dia do mês de fevereiro celebra-se o Dia Internacional de Combate e Conscientização das LER/DORT. Chamamos a atenção para que os profissionais de saúde, na abordagem dos casos de LER/DORT não se restrinjam ao acolhimento humanizado e quali­ficado nos serviços assistenciais, mas sim, que se atentem às possibilidades de preven­ção que cada caso pode oferecer. E mais, que se sensibilizem para que em cada caso diagnosticado sejam buscadas possibilidades de ações de vigilância e in­tervenção, para que novos casos sejam evitados.

 

IMPORTANTE

A LER/DORT é de notificação obrigatória no Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2004 e foi incluída na lista de doenças de notificação compulsória por meio da Portaria MS nº 104/2011. A ficha de investigação encontra-se disponível no site www.cve.saude.sp.gov.br

Com o objetivo de orientar os profissionais que pres­tam assistência aos trabalhadores, no sentido de identificar e notificar os casos de LER/DORT, e  oferecer subsídios aos órgãos de Vigilância Sanitária para intervenções nos ambientes de trabalho, o Ministério da Saúde publicou o Protocolo de Complexidade Diferenciada 10 – Dor Relacionada ao Trabalho.