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28 de abril! Um dia para reafirmar o compromisso pela defesa da saúde dos trabalhadores!

28/04/2014


Milhares de trabalhadores perdem suas vidas em decorrência do trabalho todo ano!

 A morte é a expressão mais perversa das condições que são impostas aos trabalhadores em diversas atividades da indústria, do comércio, da prestação de serviços, e mesmo em atividades do setor público. Quedas, impactos causados por objetos, acidentes no transporte e contato com máquinas, ferramentas e facas estão entre as principais causas dos acidentes de trabalho - a maioria deles previsíveis e evitáveis.

 Apesar da reconhecida subnotificação dos agravos relacionados à saúde do trabalhador, os números registrados no Sistema Nacional de Agravos de Notificação Compulsória – SINAN - são preocupantes. Inscrevem os acidentes de trabalho na categoria de problema de saúde pública, exigindo que a rede de serviços do Sistema Único de Saúde esteja organizada para o desenvolvimento de ações de prevenção, de vigilância, de assistência e de reabilitação.

De 2006 a 2014 (março), foram registrados no SINAN 191.552 casos de acidentes de trabalho no estado de São Paulo: 60.688 (31,7%) em trabalhadores com idade entre 25 a 34 anos e 40.307 (21%) com idade entre 35 e 44 anos. Apresentaram algum tipo de incapacidade temporária, em decorrência do acidente, 85.429 trabalhadores. Porém, em 3.110 pessoas o acidente resultou em incapacidade parcial ou total permanente e 2.724 foram a óbito.

Culpar a vítima ainda tem sido nos dias de hoje a causa apontada pelas empresas para explicar a ocorrência do acidente. Trata-se de uma visão reducionista e tendenciosa, que imputa aos operadores a responsabilidade pelos eventos, geralmente associado ao descumprimento de normas e padrões de segurança ou a falhas técnicas e materiais.

É preciso avançar na concepção sobre os acidentes de trabalho e nas metodologias para identificação de suas causas - a análise deve se ocorrer com base no estudo sobre o trabalho. Aspectos da situação imediata de trabalho como o maquinário, a tarefa, o meio técnico ou material, influenciam na ocorrência dos acidentes. Entretanto, são nos fatores de natureza organizacional que devem ser buscadas as explicações para os acidentes.

Temos um grande desafio – sensibilizar os profissionais de saúde para reconhecer o trabalho como causa dos acidentes dos usuários atendidos nas unidades de saúde. Este reconhecimento é primordial para a ação pública de saúde voltada aos acidentes de trabalho. Um motivo: implica em adequada proposta de reabilitação, para os casos que resultaram em sequelas aos trabalhadores. E outro: exige a notificação do caso no SINAN, desdobrando em ação de vigilância, que inclui necessariamente a investigação do acidente no local de trabalho, com a identificação dos determinantes organizacionais dos acidentes.

É preciso ir além da noção de erro humano, ato inseguro, condição insegura. É preciso enxergar a organização como fonte de falhas, pois é neste contexto que se fazem efetivas medidas para a prevenção de acidentes.

O dia 28 de abril

Em 1995 o 28 de abril começou a ser lembrado no Canadá como um dia em homenagem às vítimas de acidentes e doenças de trabalho - a data lembra o dia 28 de abril de 1969, quando 78 trabalhadores morreram em decorrência de uma explosão na mina de Farmington, na Virgínia – Estados Unidos.

Este movimento se espalhou por diversos países, por iniciativa de sindicatos, federações, confederações locais e internacionais, e em 2003 a Organização Internacional do Trabalho adotou o 28 de abril como o dia oficial para a segurança e saúde nos locais de trabalho.

Em 2006, o governo brasileiro adotou oficialmente a data não só para homenagear estas vítimas, mas também para alertar e impulsionar a sociedade sobre a necessidade de desenvolver formas de trabalho que preservem a vida e promovam a saúde, dando visibilidade à questão.