Programas e Projetos

Trabalhador exposto ao Mercúrio Metálico


 Mercúrio: riscos à saúde dos trabalhadores e ao meio ambiente

 O mercúrio é um elemento químico classificado no grupo dos metais pesados. Foi descoberto na Grécia antiga e apresenta propriedades singulares como, por exemplo, ser um metal que se apresenta no estado líquido e evapora a temperatura ambiente quando em forma pura ou mercúrio metálico, podendo também se apresentar derivados de compostos inorgânicos e orgânicos quando combinado com outros elementos. O mercúrio é uma substância tóxica para o organismo humano e contaminante do meio ambiente, se depositado ou disseminado de forma inadequada.

É utilizado desde a antiguidade e sua toxicidade é conhecida desde esta época. Com o advento da industrialização, a partir do final do século XIX e sua grande expansão na primeira metade do século XX, passou a ter diversos usos e a fazer parte de vários processos produtivos.

A utilização mais antiga do mercúrio de que se tem conhecimento, desconsiderando a sua aplicação na mineração do ouro e da prata, é na fabricação de espelhos, o que ainda se faz nos dias atuais. Seu uso em grande escala, porém, passa pela mineração de ouro, amálgamas para implantes dentários, fabricação de pigmentos e tintas, fabricação de lâmpadas fluorescentes e de luz mista, pilhas e baterias, termômetros, medidores de pressão arterial com coluna de mercúrio, agrotóxicos e também em formulações para aplicação em medicina (medicamentos e reagentes analíticos).

 A exposição ao mercúrio pode produzir agravos á saúde como intoxicações e contaminações, não só de trabalhadores como também de populações, devido à contaminação do meio ambiente pelo metal e por seus compostos orgânicos e inorgânicos.

A intoxicação pelo mecúrio é tambem denominada Hidrargismo ou Mercurialismo .Os efeitos mais comuns são alterações neuropsiquiátricas, digestivas e renais. Também são descritos efeitos sobre os sistemas cardiovascular, respiratório, a pele, sistema sanguíneo, endócrino, imunológico e reprodutor. O mercúrio atravessa a circulação através da placenta e pode produzir efeitos sobre o feto. Também é considerado um possível cancerígeno.

Em caso de contaminação ambiental, o mercúrio se acumula nos tecidos dos seres vivos da cadeia alimentar (animais e plantas), podendo provocar agravos à população que se serve destes alimentos.

O mercúrio, como outros metais pesados, persiste muito tempo no ambiente. É um dos principais problemas de contaminação ambiental, deixando grandes áreas impróprias para plantio e construção de moradias.

Muitos trabalhadores já se contaminaram em processos produtivos que utilizam o mercúrio, muitos com danos crônicos à saúde, o que os levou a constituírem associações como a AEIMM - Associação dos Expostos e Intoxicados por Mercúrio Metálico (http://www.aeimm.org.br/  e ACPO - Associação de Consciência à Prevenção Ocupacional (http://www.acpo.org.br/principal.php).

Hoje existe uma grande mobilização mundial para o banimento do mercúrio. Alguns processos produtivos já desenvolveram tecnologias substitutivas, porém alguns segmentos ainda mantêm o mercúrio como matéria prima ou não têm tecnologia disponível para substituição.

Existe ainda a possibilidade de se reciclar os produtos que contêm mercúrio, mas utilizando processos que também oferecem grande risco para a saúde de trabalhadores, população e meio ambiente. Embora realizados em sistemas enclausurados ( fechados) de produção, não se pode dizer que sejam seguros,e qualquer falha no processo que possa causar escape do mercúrio e de seus vapores que venha a provocar  exposição, ainda que mínima, deve ser acompanhada, a fim de evitar agravos à saúde de trabalhadores, à população e danos ao meio ambiente - o que se reverte em alto custo de tratamento e de prevenção do problema, principalmente para o SUS.

Há também a grande necessidade de se conscientizar a população sobre os riscos à saúde provocados pelo mercúrio metálico. Para tanto, os órgãos da administração publica devem criar mecanismos para orientar a população quanto aos riscos de exposição ao mercúrio como também criar mecanismos para coleta e destinação final, principalmente de lâmpadas fluorescentes (todos os produtos que contêm mercúrio são classificados como resíduo perigoso), que compõem o maior segmento de produtos de uso domestico atualmente.

Nesse sentido, o poder executivo paulista, com a aprovação da Lei estadual 10888 (20set01) – que dispõe sobre o descarte final de produtos potencialmente perigosos do resíduo urbano que contenham metais pesados - está autorizado a criar, em parceria com a iniciativa privada, condições para as empresas, que comercializem produtos potencialmente perigosos ao resíduo urbano, adotarem um sistema de coleta em recipientes próprios, que acondicionem o referido lixo.

Os trabalhadores que lidam com mercúrio metálico (indústria de lâmpadas, termômetros e profissionais de odontologia, por exemplo) são os mais expostos aos vapores do mercúrio, e podem ter casos de intoxicação aguda, subaguda e crônica. Cabe aos órgãos de Vigilância em Saúde desenvolver programas de seguimento e busca ativa de indivíduos contaminados e capacitarem profissionais de saúde para que detectem precocemente os sintomas de intoxicação.

Cabe também o desenvolvimento de mecanismos de prevenção e promoção da saúde dos trabalhadores e população exposta ao mercúrio metálico, que age de forma silenciosa, através de seus vapores, invisíveis e inodoros. Hoje há um conhecimento já secular dos riscos à saúde advindos da exposição ao mercúrio metálico, e também conhecimento tecnológico para minimizar estes riscos. Para eliminar o uso do mercúrio são necessárias tecnologias substitutivas e remediação do passivo que se acumulou ao longo da utilização deste metal.